Expressao Cultural na Ditadura
Apesar da ditadura ter sido um período de intensa repressão, o desenvolvimento cultural e intelectual daquela época foram um ganho muito grande para a sociedade brasileira. As músicas de protesto, livros, pecas de teatro, novelas, pinturas e artes plásticas retratavam o desejo de mudança de muitos jovens, estudantes e pessoas que queriam o fim da intervenção militar. Cantores famosos como Gilberto Gil, Chico Buarque, Gal Costa, Jorge Ben Jor, Elis Regina, Milton Nascimento, Rita Lee, Tom Jobim, Geraldo Vandre, Jair Rodrigues, Tom Ze entre outros se tornaram populares e símbolos de resistencia. "A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende." disse Arthur Schopenhauer. Durante o regime militar a música, em especial, foi a arma usada para lutar contra o governo.
O tropicalismo foi um movimento musical surgido no Brasil, no final de 1960, que atingiu diversas esferas culturais. O marco inicial deste movimento foi o III Festival de Musica Popular Brasileira realizado pela Rede Record de televisão em 1967. Influenciado pela cultura pop e por correntes da vanguarda artística este movimento ficou conhecido por Tropicalia. Possibilitava um sincretismo entre vários estilos musicais originalmente heterogêneos como o rock, a bossa-nova, o baião, o samba e o bolero. As letras das músicas possuíam um tom poético, elaborando críticas sociais e abordando temas do cotidiano de uma forma inovadora. O uso de guitarras eléctricas era frequentemente criticada.
A inovação estética musical era por si só uma forma de revolução . Os principais representantes do tropicalismo foram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia, Os Mutantes, Torquato Neto, Tom Zé, Jorge Mautner, Jorge Ben e Rogério Duprat. Dentre os lançamentos em vinil, os discos tropicalistas de maior sucesso na época foram “Louvação” (de Gilberto Gil, em 1967), além de “Tropicália ou Panis et Circenses” (diversos artistas), “Os Mutantes”, “Caetano Veloso” e “A Banda Tropicalista do Duprat” (com arranjos e regência do maestro Rogério Duprat), todos lançados em 1968. Entre as músicas tropicalistas mais tocadas nas paradas de sucesso do momento constam: “Tropicália”, “Alegria, alegria” (composições de Caetano Veloso que apareceram em 1968), “Panis et Circenses”, também dele em parceria com Gilberto Gil (1968) e ainda, em 1969, “Atrás do trio elétrico” (de Caetano Veloso), “Cadê Teresa?” (de Jorge Ben) e “Aquele abraço” (de Gilberto Gil).
Essa geração de artistas, que chegaram ao estrelato nos anos mais difícies da ditadura, tiveram sua imagem estabelecida por meio do atrito com o governo da época e amplificada pelo fortalecimento da industria cultural. Gravadoras, editoras e emissoras de TV expandiram-se junto com a urbanização, o avanço do capitalismo e o crescimento econômico ocorrido entre os anos 60 e 1973. “Isso contribuiu para dar ao músico um status de intelectual, algo peculiar do Brasil”, diz o historiador Marcos Napolitano, da Universidade de São Paulo (USP), especialista no tema.
Houve também manifestações tropicalistas em outros campos artísticos; no teatro, com as experiências seminais do Grupo Oficina, as montagens de “O rei da vela”, de Oswald de Andrade, e de “Roda Viva”, de Chico Buarque, no cinema, o filme "Terra em Transe”, de Glauber Rocha e artistas fundamentais da arte contemporânea, como Ivan Serpa, Antônio Dias, Hélio Oiticica e Carlos Vergara, participaram com obras igualmente contestadoras, que romperam com estéticas artísticas importantes, em nome da oposição ao regime. Foi o caso da obra “Tropicália”, de Oiticica, que desencadeou todo um movimento cultural, o tropicalismo. A obra era uma instalação, uma espécie de labirinto sem teto, que remetia à arquitetura das favelas. Em seu interior, havia uma TV que ficava sempre ligada.
No período de 1968 a 1978 em que esteve em vigor o AI-5, a censura federativa coibiu mais de seiscentos filmes, quinhentas peças teatrais, a editoração de vários livros e mais de quinhentas musicas foram censuradas, por isso os artistas desenvolviam um talento para burlar a censura por meio de metáforas, dando nomes falsos a pessoas citadas nas musicas e tentavam falar o que queriam de uma forma que passasse imperceptível aos censores. O exemplo mais conhecido de censura foi a musica Calice de Chico Buarque e Milton Nascimento. Essa musica havia sido censurada, porem por meio da palavra Cálice os cantores foram capazes de transmitir sua mensagem, ou seja, Cale-se. Durante um show( phono 73) Gilberto Gil cantarolava a musica sem falar a letra enquanto Chico Buarque cantava, "Cálice", sendo assim seu microfone foi desligado e o holofote apagado. Entre as obras censuradas estao : a peca Roda Viva de Chico Buarque, o livro O Berco do Heroi de Dias Gomes, as musicas Pare de Tomar a Pilula de Odair Jose, Alegria Alegria de Caetano Veloso e Apesar de Voce Chico Buarque. Vale a pena citar o semanario O Pasquim que usava humor e a ironia como arma contra os militares. Cartunistas como Ziraldo, Jaguar e Millor trabalharam ativamente desde de sua primeira edicao em 1969.
Grande parte da elite cultural pensante brasileira daquela época foi exilada por seus ideais que iam contra o regime militar. Destacando entre outros: Oscar Niemayer, Paulo Freire, Ferreira Gullar, Geraldo Vandre, Darcy Ribeiro, Jose Celso Martinez Correa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, etc.
Por meio de metáforas, os artistas procuravam burlar a censura, transmitir sua mensagem e as populares musicas de protesto foram entoadas como armas contra a ditadura. Durante o período de maior repressão a arte brasileira floresceu. Toda essa censura e essa dor serviram de inspiracao para compositores, atores, pintores e escritores da época. A arte pode ser um meio eficaz e pacifico de expressão. Muitas musicas que se tornaram hinos da ditadura continuam atuais e ouvidas por gerações que não viveram naquela época e através delas aprendem o valor da liberdade.
O tropicalismo foi um movimento musical surgido no Brasil, no final de 1960, que atingiu diversas esferas culturais. O marco inicial deste movimento foi o III Festival de Musica Popular Brasileira realizado pela Rede Record de televisão em 1967. Influenciado pela cultura pop e por correntes da vanguarda artística este movimento ficou conhecido por Tropicalia. Possibilitava um sincretismo entre vários estilos musicais originalmente heterogêneos como o rock, a bossa-nova, o baião, o samba e o bolero. As letras das músicas possuíam um tom poético, elaborando críticas sociais e abordando temas do cotidiano de uma forma inovadora. O uso de guitarras eléctricas era frequentemente criticada.
A inovação estética musical era por si só uma forma de revolução . Os principais representantes do tropicalismo foram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia, Os Mutantes, Torquato Neto, Tom Zé, Jorge Mautner, Jorge Ben e Rogério Duprat. Dentre os lançamentos em vinil, os discos tropicalistas de maior sucesso na época foram “Louvação” (de Gilberto Gil, em 1967), além de “Tropicália ou Panis et Circenses” (diversos artistas), “Os Mutantes”, “Caetano Veloso” e “A Banda Tropicalista do Duprat” (com arranjos e regência do maestro Rogério Duprat), todos lançados em 1968. Entre as músicas tropicalistas mais tocadas nas paradas de sucesso do momento constam: “Tropicália”, “Alegria, alegria” (composições de Caetano Veloso que apareceram em 1968), “Panis et Circenses”, também dele em parceria com Gilberto Gil (1968) e ainda, em 1969, “Atrás do trio elétrico” (de Caetano Veloso), “Cadê Teresa?” (de Jorge Ben) e “Aquele abraço” (de Gilberto Gil).
Essa geração de artistas, que chegaram ao estrelato nos anos mais difícies da ditadura, tiveram sua imagem estabelecida por meio do atrito com o governo da época e amplificada pelo fortalecimento da industria cultural. Gravadoras, editoras e emissoras de TV expandiram-se junto com a urbanização, o avanço do capitalismo e o crescimento econômico ocorrido entre os anos 60 e 1973. “Isso contribuiu para dar ao músico um status de intelectual, algo peculiar do Brasil”, diz o historiador Marcos Napolitano, da Universidade de São Paulo (USP), especialista no tema.
Houve também manifestações tropicalistas em outros campos artísticos; no teatro, com as experiências seminais do Grupo Oficina, as montagens de “O rei da vela”, de Oswald de Andrade, e de “Roda Viva”, de Chico Buarque, no cinema, o filme "Terra em Transe”, de Glauber Rocha e artistas fundamentais da arte contemporânea, como Ivan Serpa, Antônio Dias, Hélio Oiticica e Carlos Vergara, participaram com obras igualmente contestadoras, que romperam com estéticas artísticas importantes, em nome da oposição ao regime. Foi o caso da obra “Tropicália”, de Oiticica, que desencadeou todo um movimento cultural, o tropicalismo. A obra era uma instalação, uma espécie de labirinto sem teto, que remetia à arquitetura das favelas. Em seu interior, havia uma TV que ficava sempre ligada.
No período de 1968 a 1978 em que esteve em vigor o AI-5, a censura federativa coibiu mais de seiscentos filmes, quinhentas peças teatrais, a editoração de vários livros e mais de quinhentas musicas foram censuradas, por isso os artistas desenvolviam um talento para burlar a censura por meio de metáforas, dando nomes falsos a pessoas citadas nas musicas e tentavam falar o que queriam de uma forma que passasse imperceptível aos censores. O exemplo mais conhecido de censura foi a musica Calice de Chico Buarque e Milton Nascimento. Essa musica havia sido censurada, porem por meio da palavra Cálice os cantores foram capazes de transmitir sua mensagem, ou seja, Cale-se. Durante um show( phono 73) Gilberto Gil cantarolava a musica sem falar a letra enquanto Chico Buarque cantava, "Cálice", sendo assim seu microfone foi desligado e o holofote apagado. Entre as obras censuradas estao : a peca Roda Viva de Chico Buarque, o livro O Berco do Heroi de Dias Gomes, as musicas Pare de Tomar a Pilula de Odair Jose, Alegria Alegria de Caetano Veloso e Apesar de Voce Chico Buarque. Vale a pena citar o semanario O Pasquim que usava humor e a ironia como arma contra os militares. Cartunistas como Ziraldo, Jaguar e Millor trabalharam ativamente desde de sua primeira edicao em 1969.
Grande parte da elite cultural pensante brasileira daquela época foi exilada por seus ideais que iam contra o regime militar. Destacando entre outros: Oscar Niemayer, Paulo Freire, Ferreira Gullar, Geraldo Vandre, Darcy Ribeiro, Jose Celso Martinez Correa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, etc.
Por meio de metáforas, os artistas procuravam burlar a censura, transmitir sua mensagem e as populares musicas de protesto foram entoadas como armas contra a ditadura. Durante o período de maior repressão a arte brasileira floresceu. Toda essa censura e essa dor serviram de inspiracao para compositores, atores, pintores e escritores da época. A arte pode ser um meio eficaz e pacifico de expressão. Muitas musicas que se tornaram hinos da ditadura continuam atuais e ouvidas por gerações que não viveram naquela época e através delas aprendem o valor da liberdade.